“Setor automotivo está no porão”, diz Luiz Moan

Para amenizar queda, Anfavea prepara acordo automotivo com a Colômbia

Nos últimos meses a Anfavea anunciou que o setor automotivo tinha atingido o ponto mais agudo da queda e que, a partir dali, a tendência era de volta gradativa ao crescimento. Luiz Moan, presidente da entidade dos fabricantes de veículos, admitiu na segunda-feira, 17, que ele estava errado. “Pensei que estávamos no fundo do poço, mas aí descobri que ainda tinha o porão”, declarou em palestra no Workshop Planejamento 2016, realizado por Automotive Business em São Paulo. 

Ele explicou que é neste patamar que a indústria local está agora. A boa notícia, segundo ele, é que não há mais como descer. “Já me certifiquei de que não teremos um segundo subsolo”, garante. Segundo ele, o tombo mais profundo do que o esperado é reflexo principalmente da falta de confiança do consumidor que, na opinião do executivo, está exagerada. “O índice baixou muito. Há medo grande de perder o emprego.” 

Para ele, um indicador dessa desconfiança excessiva é o setor agrícola. A Anfavea projeta que, neste ano, as vendas de máquinas agrícolas caiam 30% na comparação com 2014. A questão, segundo Moan, é que não há motivo concreto para queda tão expressiva. “Qual é a crise real nesse segmento? Ela existe mesmo em ano de safra recorde?”, questiona o dirigente. 

Como medida para amenizar a insegurança do mercado, Moan destaca o PPE (Programa de Proteção ao Emprego). A iniciativa foi traçada com o governo federal e possibilita flexibilização em momentos de crise, com redução da jornada de trabalho e dos salários. “É um instrumento que nos permite manter aliviar a pressão do funcionário e o medo de perder o emprego.” 

A expectativa dele é de estabilidade para os próximos meses até o fim do ano em relação com a média mensal de vendas registrada até julho. Na opinião dele, há possibilidade de suave crescimento no último trimestre do ano, indicando a tendência para 2016. “Teremos mais dificuldade na produção por causa da necessidade de ajuste de estoque.” 

APOSTA EM EXPORTAÇÕES

A Anfavea mantém a projeção de que o mercado interno encolha 21% em 2015 na comparação com 2014. A produção deve cair 18%. Enquanto isso a expectativa para as exportações é de alta de 1,1%, com faturamento estável. É justamente nas vendas externas que a entidade aposta para compensar ao menos parte das perdas registradas no mercado interno. 

Moan conta que a entidade tem trabalhado ao lado do governo federal para ampliar acordos comerciais já existentes e firmar novas parcerias. Uma delas, que deve ser anunciada ainda nesta semana, é com a Colômbia. O executivo prefere não adiantar os termos do acordo enquanto ele não for oficialmente anunciado, mas admite que a cooperação prevê o estabelecimento de uma cota de veículos que poderão ser importados e exportados com isenção de impostos. 

A entidade aponta estar em negociação ainda parcerias com o Peru, o Uruguai e com países do continente africano. Os acordos renovados recentemente já rendem bons resultados. Segundo Moan, depois da renegociação as exportações para o México já cresceram 70% na comparação com 2014. Com a Argentina o resultado também é positivo em 4%. 

MEDIDAS ESTRUTURAIS 

Moan descarta qualquer possibilidade de que o setor receba incentivos fiscais como aconteceu em momentos de retração das vendas nos últimos anos. “O ajuste fiscal é necessário e tem o nosso apoio”, declarou, referindo-se ao corte de gastos promovido pelo governo federal. Ele aponta que o setor tem se empenhado em medidas estruturais e em ações no varejo para amenizar a contração do mercado. 

Uma delas é o PPE. Outra iniciativa importante é o Plano Nacional de Exportação, anunciado recentemente com o objetivo de estimular as vendas internacionais. Para estimular o interesse do consumidor final a Anfavea, em parceria com outras entidades, promoveu também o Festival do Consorciado Contemplado e o Salão Auto Caixa. 

“Respondemos por um quarto da produção industrial do Brasil e somos uma das cadeias mais longas, com 5 milhões de empregos diretos entre a produção e o pós-vendas. Em 2013 respondemos por 12% da arrecadação fiscal. Dessa forma, não pensamos só nas montadoras, mas também nas fabricantes de autopeças”, assegura. Segundo ele, as ações da entidade pretendem garantir recuperação também para a cadeia produtiva. “Queremos formar corrente de estímulo ao nosso setor.” 

O executivo aproveitou a palestra para destacar que o clima de pessimismo que contamina o mercado não chegou às montadoras, que mantêm os investimentos anunciados para o Brasil. “Além de não ter cancelamentos, houve, inclusive, o anúncio de novos aportes”, comemorou, lembrando do adicional de R$ 7,8 bilhões para os próximos anos anunciado recentemente por empresas como General Motors e Hyundai.

Fonte: Automotive Business

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