São Cristóvão, um Santo de vários mundos.

Altar em homenagem a Nossa Senhora Aparecida e São Cristóvão na Festa Caminhoneiro Socorro de 2015– Foto: Pamela Souza

 

Por Flávio Ferrão

Hoje, 25 de julho, é apenas mais um dos dias que é comemorado o dia de São Cristóvão. Ele também é lembrado em maio pela Igreja Cristã Ortodoxa na Grécia e Turquia e pelos cristãos cubanos em novembro.

Também é venerado por cristãos ingleses (luteranos e anglicanos) bem como por religiões ancestrais brasileiras, como a Umbanda.

São Cristóvão é um santo de muitos mundos e muitas histórias.

Esse santo, que era um gigante, como se fosse um herói de mitologia grega, também já tinha suas histórias na religião pagã politeísta antiga.

De acordo com a tradição católica, São Cristóvão é seu nome de batismo após a conversão ao cristianismo, depois dele ter abandonando à crença nos deuses pagãos.

A conversão do homem forte e grande, que buscava seguir o Deus mais poderoso e corajoso que nada teme, se deu depois de muitas tentativas de seguir um amo, um líder.

Seu nome anterior a conversão é Reprobus e em alguns textos também é chamado de Ofero.  Passarei a chama-lo de Ofero para contar suas histórias desse período. Muitos relatos falam que ele teria sido oferecido pelos pais ao Deus Apolo – antigo deus pagão da Grécia antiga.

Ele era o homem mais forte que conhecia, e passou a procurar obstinadamente alguém que também fosse poderoso para ser o mais fiel servo.

Esse São Cristóvão ainda não convertido ao cristianismo serviu à diversos reis, sempre os abandonando quando descobria traços de covardia em seus amos.  Nessa busca por reis, lideranças e homens importantes para servir, Ofero teria até servido ao diabo.

Sim! De acordo com algumas histórias contadas ele teria conhecido o diabo em pele e osso, mas também desistiu de seguir servindo a ele ao ver que o diabo temia à Cruz de Cristo.

Ofero percebe então que deveria oferecer a sua força à Cristo, aquele que faz temer até o Diabo, e passa a procurá-lo.  Em suas andanças, conheceu um eremita, que lhe dá os caminhos para que Cristo se manifestasse para ele.

Esse eremita do deserto lhe disse que, para encontrar e servir à Jesus, ele deveria fazer jejuns, meditar e passar horas em oração. Ofero não gostava de jejuar e nem achava que era uma boa maneira de servir alguém orando ou meditando.  Então, o eremita lhe deu outra opção:

“_- Nos arredores da Cilícia, há um rio muito caudaloso que, a cada enchente, derruba todas as pontes.  Por isso, desistiram de construí-las. Pobres, velhos e crianças correm muito perigo ao atravessá-lo. Tu, que és tão forte e tão alto, poderia dedicar-te a levar essas pessoas para a outra margem.  Essa seria a melhor maneira de servir a Jesus Cristo que disse: ‘Todo bem que fizerem a outro ainda que seja ao mais humilde, eu recebo como se o tivessem feito a mim mesmo”. *

Essa proposta de ajudar as pessoas a atravessar o rio agradou à Ofero que passou a morar perto das margens desse rio e tinha como seu serviço diário ajudar a atravessar as pessoas por entre as fortes correntezas.

Depois de tempos vivendo assim, numa noite de tempestade, Ofero escuta uma criança pobre o chamando, pedindo para atravessar o rio. Olhou a criança muito pequena e magra, e pensou que seria fácil atravessar, pegou seu cajado, colocou a criança em seus ombros, e foi atravessar as correntezas.

A cada passo com o a criança nos ombros, ela ficava cada vez mais pesada, e as águas não paravam de subir. Ofero teve muita dificuldade de chegar na outra margem.  Muito surpreso e angustiado ele colocou a criança na outra margem e perguntou:

– Como pode isso pequeno menino?  Ao te carregar eu tive a sensação de que levava em minhas costas o peso do mundo todo!”

Sorrindo, a criança respondeu que ele havia acabado de levar o Criador do mundo e Redentor de todos.  Contou que era Jesus na forma de menino e que agora ele se chamaria Cristóvão, que é aquele que carrega Cristo.

Após ganhar seu novo nome, Cristóvão passou a ser o mais dedicado pregador das ideias de Cristo no que hoje é atual Turquia.

As narrativas contam que, durante sua vida de pregador da fé cristã, teria sido inclusive torturado por reis pagãos que queriam que ele renegasse à Cristo.

Em seu martírio de tortura, São Cristóvão teria sobrevivido mesmo acorrentado em um banco de ferro no meio de uma fogueira. Teria sido alvejado por guerreiros durante um dia inteiro com flechas, sem nenhuma delas tê-lo ferido. Uma das flechas bateu em seu corpo, e retornou para seu torturador, atingindo-lhe o olho.

São Cristóvão então diz que ele próprio morreria logo, e que então o torturador cego deveria pegar o sangue do seu corpo sem vida e misturar com terra para esfregar no olho ferido.

São Cristovão falece (não se sabe ao certo como) e o soldado com olho ferido realmente esfrega o sangue com terra no olho e se cura da falta de visão além de se converter ao Cristianismo. O Rei que havia mandado torturar também passa a aceitar Jesus Cristo.

Da história de Cristóvão levando nas costas o Jesus Menino podemos entender o porquê sua imagem está sempre relacionada com aqueles que carregam, que fazem travessias e que com seu trabalho ajudam as pessoas a fazer uma jornada.

É o protetor dos motoristas, dos viajantes, andarilhos, turistas, sendo invocado diante de tempestades e acidentes de viagens.

 No Brasil, os taxistas e caminhoneiros tem especial devoção a esse santo, que mesmo tendo poucos registros de quem realmente foi, se tornou um dos santos com fiéis em todo mundo.

Já quando pensamos em seu lado pregador e sua figura de mártir que foi torturado, podemos entender a fé inabalável dos fiéis de São Cristóvão e sua perseverança em seus ideais.

Há história que, em vida, o local em que São Cristóvão pusesse seu cajado na terra, instantaneamente todos aqueles que pisavam o mesmo solo se convertiam à fé em Cristo.

São Cristóvão seria então o mais fiel propagador da fé cristã e estaria sempre no amparo de nossas angústias pelas estradas, e no socorro em meio às tempestades da vida.

Que ele siga protegendo nossas andanças e nossas mãos no volante.

Flávio Ferrão é cronista e professor de Sociologia, História, Filosofia e Atualidades.
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