Brasil tenta ampliar experiências com carro elétrico

Cidade de São Paulo já oferece táxis elétricos
Cidade de São Paulo já oferece táxis elétricos (Foto: Divulgação/Nissan)

Enquanto a indústria e o mercado de carros elétricos andam a passos lentos no Brasil, algumas iniciativas tentam superar essas dificuldades em favor de soluções mais sustentáveis de transporte.

Taxista há 20 anos, Alberto de Jesus Ribeiro roda pelas ruas de São Paulo com um carro elétrico há um ano e sete meses. As impressões são as mais positivas: “É um excelente carro, ecologicamente correto, não polui, não tem ruído e tem uma boa autonomia da bateria. É tão confortável que nem parece que você está dirigindo em São Paulo”, conta.

O modelo utilizado é o Nissan Leaf, 100% elétrico, ainda não comercializado no Brasil. O projeto é uma parceria da montadora com a prefeitura e a Associação das Empresas de Taxi do Município de São Paulo (Adetax). Por enquanto, dez desses veículos estão rodando pela cidade, em fase de teste. Outros 17 estão no Rio de Janeiro, por meio de uma parceria com a prefeitura da capital fluminense.

   Conforme o presidente da Adetax, Ricardo Auriemma, a aceitação tem sido grande, tanto por parte dos motoristas quanto dos passageiros: “A preferência se justifica tanto pela novidade quanto pelo fato de ser um veículo não poluente. Além disso, o passageiro prioriza sempre o conforto, a limpeza e o tamanho do veículo. Então, um carro grande, limpo e novo, como são os taxis elétricos, sempre terá uma grande aceitação”.

Outra vantagem destacada é o baixo custo de manutenção. Segundo Ribeiro, apesar de já ter rodado 47 mil km com o automóvel, o carro ainda não foi para a revisão. “Não tem o que fazer. Não tem óleo ou filtro para trocar. E a pastilha de freio continua boa”, explica ele.

A Adetax afirma que a ampliação do uso deste tipo de veículo ainda esbarra no custo inicial, que é mais elevado que um modelo de veículo a combustão flex. De acordo com Auriemma “Se o preço fosse até 20% menor, aí sim compensaria”.

imgChamadaMateria.jpgCarros elétricos e novos negócios
Recursos naturais limitados, demandas crescentes por mobilidade e necessidade de soluções tecnológicas e inovadoras. Isso tudo levou três jovens empresários a pensarem um negócio diferente: alugar veículos 100% elétricos e estimular o uso consciente, através do conceitocar sharing, ou seja, uso compartilhado dos automóveis. A ideia surgiu em 2013, após um deles participar de um curso de empreendedorismo inovador desenvolvido pela empresa Intel com a Universidade da Califórnia (EUA).

Assim nasceu a MVM Tech, que está em fase de implantação e deve iniciar as atividades até o final do ano na cidade de Porto Alegre (RS). “Nós encontramos uma maneira de evoluir o trânsito da cidade combinando consciência ambiental e tecnologia. O sistema promoverá o uso compartilhado dos carros, fornecendo descontos”, explica Lucas Paris, um dos fundadores da empresa (na foto ao centro, juntamente com os outros sócios, Cezar Reinbrecht e Gerson Scartezzini – Foto: arquivo pessoal).

Sócios da MVMMas os desafios são claros: como não há produção nacional de VEs, a importação exige recursos iniciais elevados. Além disso, outro entrave é a burocracia para homologação dos veículos e caracterização do serviço, que é inovador no Brasil. Os empreendedores estão em fase de captação de financiamento e identificação de investidores que potencializem o negócio.

Já em Curitiba (PR) a empresa startup VEZ do Brasil – Veículos de Emissão Zero, aposta no desenvolvimento de veículos totalmente elétricos. O sócio majoritário da empresa, Tony Saad, já trabalha com pesquisas na área há dez anos e, agora, busca investidores e apoio para implantar a fábrica piloto e iniciar a produção. “Este é um produto novo, diferente, inovador, que atende às expectativas técnicas de consumo. É também um produto com tecnologia de ponta totalmente nacional, com igualdade competitiva às mais recentes tecnologias de veículos de emissão zero do mercado externo”, afirma.

A estimativa, conforme Saad, é que há uma demanda represada de 80 mil veículos elétricos ou híbridos para 2014 em nosso mercado, que irá crescer cerca de 60% nos próximos cinco anos. “Ela é representada, inicialmente, por indivíduos que já possuem consciência ambiental e por amantes de novas tecnologias”, explica.

startup já desenvolveu modelos de carros de passeio (modelo na foto – divulgação VEZ do Brasil) e utilitários que podem ser recarregados em qualquer tomada convencional de 110V ou 220V. Eles têm autonomia de até 140 km, mas o resultado varia de acordo com a condução e com as características topográficas do local. A velocidade varia de 100 a 120 km/h.

Elétricos chegam aos serviços de entregas nas cidades
A logística nos serviços de entrega em especial nas grandes cidades também pode ser beneficiada com o fortalecimento deste segmento da indústria automobilística.

A Empresa de Correios e Telégrafos, por exemplo, aposta nesta como uma das alternativas para reduzir em 20% as emissões de carbono provocadas pelas atividades da empresa. Ainda em 2014, os Correios devem iniciar o uso de motocicletas elétricas para entregas de correspondências e encomendas. Os testes já foram feitos em São Paulo e em Minas Gerais. O processo de aquisição das scooters deve ocorrer no primeiro semestre do ano.

A empresa também está executando experiências com bicicletas, furgões e veículos elétricos para calçadão (VEC). Estes últimos substituem os furgões em algumas áreas centrais de capitais (foto: diuvlgação Correios). Há 12 VEC em operação, oito em Curitiba e quatro em Porto Alegre. O equipamento tem capacidade de até 1.000 kg de carga útil e atinge velocidade máxima de 5 km/h. Segundo a empresa, eles promovem uma economia de oito mil litros de combustível por ano.

Outro teste está em desenvolvimento pela FedEx na cidade do Rio de Janeiro. Um protótipo (foto: divulgação Fedex) foi apresentado e começou a rodar no mês de janeiro, no primeiro teste desenvolvido com o furgão Nissan e-NV200, 100% elétrico, desenvolvido no continente americano. Até então, apenas Japão, Reino Unido e Cingapura tinham recebido o veículo. Após a experiência, as empresas avaliarão a possibilidade de ampliar o uso do modelo.

Para o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Pietro Erber, o uso de elétricos na atividade é uma tendência e uma necessidade. “Como o percurso não é extenso, até baterias de baixa capacidade permitem que o veículo funcione facilmente”, explica. E, como nas cidades os furgões percorrem distâncias menores, com muitas paradas e velocidades mais baixas, os modelos são mais adequados, por não consumirem energia fóssil, não serem poluentes e nem emitirem ruídos.

Assim, se a chance de o consumidor comum ter acesso a um desses automóveis ainda parece pequena, o sucesso de experiências pontuais traz otimismo para os defensores do modelo. Na última reportagem desta série, você vai conhecer casos de aposta no mercado interno para produção de carros elétricos genuinamente brasileiros, além de medidas que buscam incentivar a adoção desses modelos pelo poder público.

Natália Pianegonda

Agência CNT de Notícias

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