“A roda vai continuar girando”, afirma Presidente do Setcergs sobre a situação do TRC

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Um das maiores entidades do setor do transporte rodoviário de cargas, o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul também é um dos organizadores da Transposul, Feira de Transporte e Logística que todo ano aquece o mercado e traz novidades nacionais e internacionais.

Durante a edição do evento deste ano, Chico da Boleia pode conversar com o Presidente da entidade, Afrânio Rogério Kieling, que falou sobre a atual situação do mercado. Confira!

Chico da Boleia: Presidente, feira em uma época de crise. Como é?

Afrânio Rogério Kieling: Na realidade é uma ousadia fazer nessa época. E eu não falaria em “época de crise”, eu diria que nós estamos passando uma tempestade, embora entenda que neste momento, e conversando com o Loyola ontem – e tu também assistiu à palestra do Gustavo Loyola – ele nos colocou que na realidade o governo já fez a lição de casa. Aliás, que já deveria ter antes, só não fez por conta das eleições, então ele começou a empurrar os problemas pra frente. E hoje nós estamos sentindo. Então fazer uma feira como a Transposul realmente é um desafio ao mesmo tempo em que esta é a 17ª edição. Ela nasceu lá em Gramado, nos anos 90, e ontem eu disse pro Ademir Frasson, que foi o fundador, que nós hoje estamos regando aquela plantinha, aquela sementinha que ele colocou. A tarefa nossa, na realidade, é dar continuidade a um trabalho que eles fizeram. E a gente viu que muitos compradores, um agricultor, um comerciante, a indústria grande, a pequena indústria, o pequeno transportador, o autônomo, seja quem for, já sabe que em momento de Transposul ele vem aqui pra fazer bons negócios. Por quê? Porque as montadoras vêm mais agressivas, os preços são mais convidativos. Então essa é a hora de fazer negócios. Apesar de toda essa situação a roda vai continuar girando.

Chico da Boleia: Em relação ao ano passado, como é que está o número de expositores?

Afrânio Rogério Kieling: Nós estamos praticamente com o mesmo número do ano passado, houve algumas pequenas modificações, mas vieram quase todas as montadoras. Este ano apostamos muito no Congresso também, pra trocar ideias, receber informações, nos capacitarmos melhor pra lidar com essa situação toda. E nós tivemos um palestrante, o Gustavo, que veio da União Europeia, é presidente de uma entidade de lá e veio nos mostrar como funcionam as coisas por lá, o que dá pra gente melhorar aqui. Nesse momento só de montar a feira já é um desafio e eu acho que nós conseguimos. Agora, naturalmente, a nossa expectativa em números é menor que o ano passado.

Chico da Boleia: Você enquanto Presidente de um Sindicato num setor de alta importância para a economia que é a área de transporte acredita, mediante o que foi falado aqui no Congresso, que a gente possa ter efetivamente um segundo semestre um pouco melhor?

Afrânio Rogério Kieling: Eu quero dizer o seguinte: eu sou muito otimista e vejo que algumas medidas foram tomadas e as empresas começaram a olhar de maneira diferente o mercado, a roda vai continuar girando. Talvez com menos intensidade, mas ela vai continuar girando. Algumas coisas nós não podemos jogar toda a culpa no Governo Federal ou para o Governo Estadual, nós também somos participantes, nós estamos no mesmo sol. Esses dias eu disse pra um amigo.

Ele me perguntou como estava. Eu respondi: “tu consegue ir a praia com o sol a pino e sair sem se queimar?”. Não tem jeito! Então todos estamos debaixo do mesmo sol. Todos nós, o nosso negócio como um todo, o dono do bar da esquina, o caminhoneiro, todo mundo. E nós temos que nos ajustar pra alguma coisa, por conta de que o governo ao invés de fazer uma política visando a economia, ele fez uma política por política. Baixou os juros por política, baixou a luz por política, depois ele viu que economicamente não era viável. Mas eu acho que nós vamos devagarinho recuperando. É um momento de ressaca como disse o Loyola.

Chico da Boleia: Continuando a falar da área de transporte, dois assuntos importantes. O primeiro, a Lei do Motorista. Nós tivemos a 12.619 que foi alterada e como é que você vê as mudanças que foram feitas na Lei? O segundo ponto é que já tem gente questionando a constitucionalidade da nova lei. Como você enxerga isso?

Afrânio Rogério Kieling: Eu acho qe a lei foi positiva, é necessária, veio em boa hora.
E a lei melhorou o tempo de direção com duas horas mais. Eu achei que ela foi positiva. Segundo o que eu tenho conversado com vários colegas, com vários motoristas e eles tem me dito o seguinte: “Não, ela melhorou muito. Ela veio atender aquela necessidade que se tinha de duas horas, que se pode ter a mais ou não”. O grande problema ainda são os locais (de parada). Esses dias um colega que foi parar num posto de uma bandeira X e um cara foi lá e disse que tinha que tirar o caminhão. “Mas como eu vou tirar meu caminhão daqui, venceu meu horário e eu estou louco pra dormir”. “Não, mas aqui o senhor não pode”. “Mas porque eu não posso parar aqui?”. “O senhor abastece na outra bandeira, vai no outro posto”. “Mas o outro posto fica muito longe daqui, eu tenho que subir a serra, eu não vou subir”. Aí ficou aquele negócio! Só porque ele não abastecia na rede e abastece numa rede concorrente, já não tinha espaço pra ele. Então o grande problema é que precisa ter um espaço com todo o conforto pra que ele possa parar, ter segurança. Então em relação a isso eu acho que nós fizemos uma lei e nós temos que obedecer, mas precisa um espaço para que os caminhões possam parar e possam descansar a exemplo de outros países. A exemplo de como nós trocamos ideias com o Gustavo aqui, nosso colega de Portugal. É isso que nós precisamos. Mas a lei foi bem vinda!

Chico da Boleia: Com relação ao fim da Carta Frete, que já tem alguns anos, mas continua campeando por aí, qual a posição do Setcergs?

Afrânio Rogério Kieling: A nossa posição é cumprir a lei. A lei foi feita pra ser cumprida. Então nós somos a favor dela. O que eu particularmente entendia é que o se pagamento não pudesse ser feito em dinheiro, aí eu acho que está ferindo a Constituição. Mas esse é um entendimento meu, particular. O Setcergs ta aí para cumprir a Lei. Eu entendo pessoalmente que se na nossa Constituição nós podemos pagar com a moeda corrente nacional, não é possível que criaram essa forma para que não se pague. Então eu acho que isso fere a Constituição. Mas eu concordo com todas as regras que foram colocadas, mas o pagamento em dinheiro tem que ser permitido, porque, claro, é nossa moeda.

Chico da Boleia: Como é que o Setcergs vem ajudando suas empresas a se protegerem dos roubos de carga?

Afrânio Rogério Kieling: Nós acabamos de sair de uma reunião aqui com o Coronel Souza lá de São Paulo que, gentilmente, veio aqui fazer uma bela palestra. Estávamos com o Secretário de Segurança Pública, com o Coronel Trindade que é o homem responsável daqui. Estamos trabalhando forte! Mas a gente vê os números que o Coronel Souza traz pra nós. Arrepia!

Os valores são muito fortes. Mas nós aqui no RS temos trabalhado, a polícia aqui tem nos dado apoio, temos reuniões semanais e estamos buscando, de qualquer maneira, estar sempre juntos aos nossos associados, colocando sugestões e minimizando essa parte do roubo de cargas.

Redação Chico da Boleia

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