Fila nos portos barateia mercadorias e encarece frete em 30%

O gargalo para embarcar mercadorias nos portos em 2013 não só aumentou os custos do transporte, como também reduziu em US$ 18 por tonelada os preços internacionais da soja brasileira, segundo levantamento da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais). Na Bolsa de Chicago, para compensar a demora na entrega, a tonelada da soja nacional sofreu um desconto de 3,6% (de US$ 500 para US$ 482) na semana passada.

Enquanto isso, o custo do transporte de grãos só aumenta: passou de US$ 80 por tonelada, em 2011, para US$ 98 no ano passado, e deve ficar mais caro em 2013, segundo o presidente da Anec, Sérgio Mendes. Nos Estados Unidos e na vizinha Argentina, por exemplo, o valor médio ponderado da tonelada para transportar a mercadoria é de US$ 20, um custo menor superior a US$ 70 por tonelada em relação ao Brasil.

O presidente da Aprosoja (Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso), Carlos Fávaro, estima que a demora para escoar os grãos nos portos em 2013 engordou o custo do frete em torno de 30%. Para Mendes, da Anec, a maior demanda por caminhões, incentivada pela super safra de grãos, e a Lei dos Caminhoneiros (nº 12.619) – que obriga um descanso de meia hora a cada quatro trabalhadas, além de 11 horas de folga a cada dois dias ao volante – também ajudaram a encarecer o transporte.

Fávaro estima que o prejuízo financeiro dos exportadores de soja e milho, este ano, será contabilizado em bilhões de reais. “Passou do stress. Agora é colapso”, diz. O problema pode ser agravado, ainda, pela possível boa safra norte-americana, segundo ele. “Se isso se confirmar, o preço internacional dos grãos tende a ceder. Perderemos competitividade por não conseguir pagar os custos do frete”.

No porto de Santos, o custo diário por cada navio parado é de US$ 20 mil, segundo a Anec. “Com tempo médio de espera por navio de 30 dias, o custo total é de US$ 600 mil. Como cada navio tem capacidade de 60 mil toneladas, a perda média do exportador é de US$ 10 por tonelada”, calcula Mendes.

Outra preocupação dos produtores nacionais, além das perdas, é o cancelamento de contratos com importadores, em razão da demora. A chinesa Sunrise cancelou, na semana retrasada, a carga de dez navios que não chegaram à China e outros 23 que atracariam no continente asiático nos próximos meses. A decisão encalhou ao menos dois milhões de toneladas de soja brasileira.

ALÍVIO NO CÂMBIO
As perdas do produtor brasileiro só são compensadas pela recente recuperação do dólar frente ao real, cotado na última quinta-feira (28) a R$ 2,02. “O exportador paga o frete em reais, mas sua mercadoria é comprada em dólares. Quando o câmbio está favorável, acima de R$ 2, ele ajuda a compensar estas perdas”, aponta o presidente da Anec.

“SAFRONA”
O presidente-executivo da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho) e ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, afirma que para driblar os entraves no transporte da super safra do período – a safrinha do milho passou a ser chamada de “safrona” –, a iniciativa privada tem ajudado a redirecionar o frete para áreas menos congestionadas do país.

Mas o esforço é insuficiente, segundo ele, para evitar as perdas possivelmente repassadas aos preços no mercado interno. “O consumidor também paga a conta, porque quando o produtor recebe menos, é obrigado a elevar o preço do produto”, diz Paolinelli.

Fonte: Ig / Portal ntc

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