Dívida estudantil atinge aprendizes de caminhoneiros nos EUA

A história de Jim Simpson é apenas mais uma em meio à montanha de dívidas estudantis nos EUA e às esperanças frustradas de um futuro melhor.

Como caminhoneiro.

Simpson, de 51 anos, trabalhava como balconista no escritório de sua esposa, no Alabama, para pagar as contas e buscava uma nova carreira. Quando sua esposa se aposentou, a renda familiar diminuiu. Ele conta que estava “totalmente quebrado” quando viu o anúncio de uma escola para caminhoneiros em 2014:

“Não tem experiência? Sem problemas! Receba para aprender.”

A CRST International, uma empresa de transporte e logística, prometia uma carreira em um setor com trabalho estável e um “enorme bônus por contratação”, disse Simpson. Em novembro, ele entrou em um ônibus para participar de um programa de trabalho e treinamento de oito meses da CRST em Cedar Rapids, Iowa, onde fica a sede da empresa. Mas permaneceu apenas um mês.

Foi “brutal”, disse. “Acho que não fizeram as verificações de antecedentes de alguns desses caras. Eles definitivamente não te preparavam para o teste [para obter a carteira de motorista de caminhão nos EUA]. Não houve nenhum treinamento real de suporte. Um cara teve hipotermia. Senti que depois de oito meses com eles, eu fugiria gritando.”

Simpson estima que, após quebrar o contrato para se juntar a uma concorrente, ainda deva US$ 6.000 à CRST e conta que recebe telefonemas regulares de empresas de cobrança. “A sensação era a de servidão por contrato”, disse ele. “Muitas coisas não são contadas aos novatos.”

A dívida dos empréstimos estudantis continua assolando os americanos. Há mais de US$ 1,4 trilhão em dívidas pendentes, e o governo dos EUA paga aos coletores de dívidas quase 40 vezes o que eles conseguem recolher com cobranças de dívidas não pagas, segundo a Bloomberg. Há quem defenda programas de perdão de dívida mais generosos e mais opções vocacionais para aqueles que buscam treinamentos para novas carreiras.

Mas o sonho de um emprego técnico também pode ser uma armadilha de dívida. Entrevistas com dezenas de caminhoneiros, instrutores e especialistas do setor mostram um panorama sombrio, em que escolas criadas por empresas de transporte rodoviário para preparar sua próxima safra de motoristas podem deixar estudantes devendo milhares de dólares em comissões de treinamento, com poucas perspectivas de emprego.

Don Lefeve, presidente da Associação de Treinamento para Veículos Comerciais, que representa quase 200 provedoras de treinamento (mas não a CRST), disse que o grupo estimula suas escolas-membros a “garantir que estejam informando as pessoas de forma antecipada e frequente” sobre os custos dos programas de treinamento e a vida pouco convencional de um caminhoneiro.

“As empresas de transporte por caminhão diriam que estão ajudando as pessoas a conseguir empregos com essas escolas”, disse Craig Ackermann, advogado que representa caminhoneiros em uma série de assuntos. “Mas esta é uma situação em que não há prejuízo para elas quando alguém abandona o treinamento. Elas administram essas escolas com fins de lucro, às vezes com recursos do governo. Elas sabem que as pessoas não vão trabalhar para elas.” Entre as vitórias legais de Ackermann, disse ele, há um processo envolvendo uma escola para caminhoneiros que “parecia ser apenas alguns caras e um caminhão em um estacionamento”.

Em casos como o de Jim Simpson, em que a empresa de transporte rodoviário administra o empréstimo, e não o governo, os trabalhadores têm menos proteções contra condições duras de reembolso e taxas de juros elevadas. Empréstimos desse tipo são de competência do Escritório de Proteção Financeira ao Consumidor dos EUA. Os mutuários insatisfeitos também podem considerar a apresentação de denúncia ao promotor estadual, disse Mark Kantrowitz, editor e vice-presidente de estratégia do Cappex.com, um website gratuito sobre admissões e ajuda financeira para faculdades. Fora isso, eles têm poucos recursos para negociar as condições de reembolso.

“Infelizmente, mesmo que não leia as letras pequenas, você ainda está sujeito a elas”, disse.

Fonte: Jornal Floripa

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