Ciclo de palestras marca o segundo dia da Transposul

Na programação da 16a Feira e Congresso de Transporte e Logística (Transposul) de Porto Alegre também teve espaço para inúmeras discussões sobre o transporte rodoviário de cargas e outros assuntos pertinentes, como a situação economia atual no Brasil.

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William Waak | Foto: Larissa J. Riberti

Abrindo o segundo dia de atividades da Feira ocorrido na quinta-feira (16), o Painel “Cenário atual da economia brasileira” teve a participação do jornalista William Waak. De acordo com o debatedor, passamos por um momento em que a economia vive uma condição “medíocre”.

Waak ainda apontou indicadores como a inflação que contribuem para esse quadro, assim como o fato de que o Brasil poupa pouco e investe pouco. “Este cenário não é caracterizado por algum oposicionista raivoso, nem por nenhuma pessoa que queira se opor ao governo, mas são números aceitos pelos economistas independentemente de sua posição política”, argumento.

Durante sua exposição, o jornalista também disse considerar fatores subjetivos com a confiança da população nas instituições que controlam a política. Para ele, a percepção que o consumidor brasileiro tem hoje sobre o mercado é negativa.

De acordo com a opinião do jornalista, o Brasil não possui problemas econômicos e sim políticos. “Não entramos numa guerra que tornasse escassos nossos recursos, tampouco tivemos tragédias naturais para acabar com eles. Então como explicar que um país com tantos recursos naturais e pessoais, tenha números de economia tão ruins, pessimismo e receio em relação ao futuro? Na minha opinião, é a política.”, expressou.

Para Waak  os programas sociais atuais do governo brasileiro são concessões de benefício sem o ganho da contrapartida. “É óbvio que esse tipo de ajuda quando se torna um fim em si mesmo, passa a ser um problema e não uma solução. A desigualdade social no Brasil parou de diminuir”, alegou o jornalista que acredita que a expansão dos gastos com benefícios sociais e as políticas de aumento de poder de compra dos brasileiros “precedem o ano de 2003”.

O jornalista ainda argumentou que o brasileiro tem a mania de acreditar que o tempo está a seu favor. “Acreditamos que o tempo é capaz de fazer cumprir nosso “Destino Manifesto” não nos preocupando com o cuidado com as instituições e com a política.”, expressou.

Durante sua exposição, Waak perguntou aos presentes quem se lembrava dos candidatos nos quais votaram na última eleição. Diante da resposta pouco expressiva do público, que mostrou apenas algumas mãos levantadas, William defendeu seu ponto de vista de que esse tipo de “despolitização” – mesmo diante de um público formado pela “elite esclarecida”, segundo ele – demonstra uma crise de representatividade.

“Isso tem a ver com o mau funcionamento do sistema político brasileiro, que é totalmente distorcido. Do jeito que está não conseguirá sanar essa crise de representatividade.” De acordo com Waak esses problemas já existiam e o atual governo conseguiu intensificar os pontos negativos dessa realidade.

William também expos que vivemos uma crise de autoridade, pois a população já não respeita aqueles que estão no poder. “Essa crise é recente, aguda e perigosa. Faz com que nós brasileiros percamos o respeito pelas nossas instituições e por aqueles que elegemos”.

Essas duas crises – de representatividade e de autoridade – podem explicar, de acordo com o debatedor, o problema econômico atual. “Nós temos uma sociedade ao mesmo tempo desejosa que o poder público traga para ela os benefícios descritos na Constituição, mas ao mesmo tempo com um desprezo, uma desconfiança muito grande em relação ao poder público”, argumento.

Ao final do seu discurso, o jornalista disse que as discussões políticas no Brasil precisam estar isentas de brigas político-partidárias. “Não fizemos nenhuma reforma política nos últimos vinte anos. Isso é ruim! Olhamos para o futuro como se fosse uma ilha da fantasia”.

Chico da Boleia fez uma pergunta ao debatedor: “80% dos meios de comunicação estão na mão de cinco famílias, então como democratizar esse setor e acabar com a manipulação das informações? E qual linha política você faz parte?

Como resposta, Waak disse. “Eu acho que há uma crença, não baseada nos fatos, que atribuiu a eles (mídia) um poderio e uma capacidade de manipulação. Desde que entrei na televisão, ela é muito mais reativa aos conteúdos sociais e à atmosfera política do que a gente acha. A mídia não é capaz de impor conteúdos, formas de comportamento e opinião ao público. Todo mundo da minha área que adotou essa postura de que a mídia impõe comportamentos, se deu mal. Não é possível impor comportamentos. Eu acho que a teledramaturgia faz isso muito mais do que o telejornalismo”, expressou.

Sobre a democratização da mídia, o jornalista disse: “Acredito que esse termo é um palavrão de pessoas que pensam em censura. O que me importa é que exista imprensa livre, sem ser subordinada a nenhum interesse ideológico. Por quem ela é controlada, não me importa. Se o conteúdo fere a lei, será punido pela lei. Não pode haver nada que impeça a liberdade da mídia. A chamada democratização da mídia apenas disfarça, e muito mal, a intenção de grupos políticos de calar aqueles que querem expor seus maus feitos. É ridículo falar em democratização da mídia hoje quando, por outro lado, alguns grupos dizem que as redes sociais substituíram a mídia tradicional. Não sei então, porque estão tão preocupados”, respondeu o expositor que se diz seguidor da linha política Social Democrata Alemã.

Nossa colaboradora, a historiadora Larissa Riberti, encaminhou a seguinte pergunta ao debatedor. “Você citou a crise da representatividade e de autoridade como fatores para a estagnação da economia brasileira, mas não citou, por exemplo, a opção dos governos anteriores pelo neoliberalismo que favoreceu a lógica externa à interna, a privatização dos serviços e o fato de que não fortalecemos, ao longo de nossa história, uma indústria que produzisse bens de valor agregado, tendo priorizado a exportação de commodities que não fortalecem nossa economia. O que você opina sobre esses fatores econômicos?”.

De acordo com o expositor, a palavra neoliberal é um sentimento anticapitalista e arcaico.

Além deste painel sobre a economia brasileira, o segundo dia de evento contou com a presença de especialistas que debateram outros assuntos como questões corporativas e procedimentos jurídicos de importação. O debatedor Adão de Castro Júnior falou sobre novas tecnologias no transporte e Lúcio Fernando Garcia falou sobre o comportamento ético do indivíduo no trânsito. A paz no trânsito e as atuais questões em torno da Lei 12.619 também foram temas de debate.

Redação Chico da Boleia

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