Caminhoneiros têm saúde precária e muitos nunca tiraram férias na vida

Operações de Saúde, como a realizada pela concessionária NovaDutra, há 17 anos revelam a gravidade das condições de saúde dos caminhoneiros brasileiros

No último dia 22 de março, foi realizada primeira edição do ano do programa Estrada para a Saúde Empresas, desenvolvido pelo Instituto CCR e NovaDutra. Foram atendidos 178 caminhoneiros gratuitamente. O programa tem o objetivo de atender aos profissionais do volante dentro das empresas enquanto aguardam para carregar ou descarregar os caminhões, com a disponibilização de diversos serviços gratuitos.

Durante a iniciativa, foram realizadas a aferição de pressão arterial, testes de colesterol, glicemia e visão, oferecidos para os caminhoneiros em parceria com o Colégio Êxitus de Guarulhos. “É muito importante conscientizarmos os profissionais do volante em relação às condições de saúde, orientando-os por meio das ações do programa Estrada para a Saúde. Com isso, conseguimos atender os profissionais que, em muitas ocasiões, devido à rotina, não conseguem parar para cuidar da sua saúde”, destaca Carla Fornasaro, gestora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da CCR NovaDutra.

Condições de saúde dos caminhoneiros preocupam

A concessionária informou para o Estradas.com.br uma espécie de balanço das condições de saúde dos caminhoneiros entre 2015 e 2017. Os dados revelam que os índices de hipertensão aumentaram substancialmente, o que coloca em risco a vida desses profissionais e aumenta a possibilidade de acidentes nas rodovias.

Em 2015, por exemplo, 85% dos caminhoneiros atendidos estavam acima do peso, 15% eram hipertensos e 79% não praticavam atividades físicas. Já em 2016, 83% dos atendidos estavam acima do peso, 25% eram hipertensos e 65% não praticavam atividades físicas. Em 2017, 85% dos caminhoneiros apresentavam o quadro de obesidade, 31% eram hipertensos e 69% não praticavam atividades físicas.

Em 2018, os dados preliminares indicam que 508 apresentaram IMC (Índice de Massa Corporal) alterado, 275 tiveram variação de glicemia e 41% apresentaram problema na visão. Casos de glicemia alta podem ocasionar mal-súbito e, consequentemente, acidentes graves. Somados aos problemas de visão, os riscos são ainda maiores.

Carla Fornasaro explica que os dados apurados indicam um sinal vermelho sobre as condições de saúde desses profissionais. Mas ela reconhece que muitas empresas estão preocupadas em evitar o excesso de jornada e também em cumprir a legislação que exige o exame toxicológico. “Muitas empresas estão controlando o tempo de descanso e realizando os testes toxicológicos, o que é muito positivo.”, ressalta Carla.

Preocupa também o elevado índice de motoristas com problemas de visão que chegou a 41% em 2018, principalmente levando-se em consideração que os caminhoneiros passam por exame oftalmológico na renovação da carteira. “Alguns apresentam dificuldades em identificar cores, tem visão embaçada.” Carla esclareceu ainda que em várias ocasiões, ao longo de 17 anos desse tipo de operação, foram obrigados a colocar o motorista na ambulância e levá-lo imediatamente para o hospital. “Sempre mantemos uma ambulância no local para atender a esses casos”.

O Programa Estrada para a Saúde leva a conscientização para os caminhoneiros, por meio de orientações sobre os cuidados com a saúde. Desde o início do programa, em 2001, foram atendidos mais de 47 mil caminhoneiros nas diversas ações do programa. Ações em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) também contribuem para a redução dos acidentes.

Jornadas pesadas dos caminhoneiros e ausência de férias

Em relação à média de horas trabalhadas pelos motoristas profissionais, 44% trabalham até 12 horas diárias, 7% trabalham acima de 16 horas diárias, 13% trabalham até 16 horas diárias, 2% trabalham até 4 horas diárias, 7% trabalham até 6 horas por dia, 25% trabalham até 8 horas diárias, não aplicável corresponde a 1%, e 1% não respondeu ao questionário.

A pesquisa realizada pelo Programa Estrada para Saúde da NovaDutra não aborda a quantidade de dias trabalhados por semana. Entretanto, segundo Carla Fornasaro, é impressionante o número de caminhoneiros que reconhecem nas entrevistas que nunca tiraram férias na vida.

Para reduzir o número de acidentes, são realizadas campanhas de conscientização, com a distribuição de folhetos informativos, fixação de faixas com dicas de segurança e nos painéis de mensagens variáveis (PMVs), que contribuíram para o menor índice de vítimas fatais em 22 anos, com queda de 72% no período.

Fonte: Estradas
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