Caminhoneiro nos EUA ganha até R$ 80 mil mensais e sobram vagas – mas pode não ser a carreira para você

Hoje existe uma carência de 65 mil caminhoneiros nos EUA e esse número pode chegar a 180 mil nos próximos 10 anos

Muitos brasileiros sonham em tentar novas oportunidades de vida nos Estados Unidos. Entre as várias profissões disponíveis para estrangeiros, uma em especial está em alta: a de caminhoneiro. E trabalhar nesse segmento pode render um salários de US$ 250 mil ao ano – cerca de R$ 80 mil por mês -, segundo dados da Bloomberg.

Hoje, existe uma carência de 65 mil caminhoneiros nos EUA, e esse número pode chegar a 180 mil nos próximos 10 anos, de acordo com o  Census Bureau, Departamento do Censo dos Estados Unidos, uma espécie de IBGE norte-americano.

Em decorrência disso, os EUA  enfrentam um problema logístico: atualmente não há como garantir a entrega de todas as mercadorias solicitadas. Todos os segmentos são atingidos, mas especialmente o alimentício. A Martin-Brower, distribuidora do McDonald’s, por exemplo, está elevando as taxas de entrega, pondo em risco os preços das mercadorias, por falta de motoristas na sua frota.

Além disso, a Procter & Gamble (P&G), a Church & Dwight, empresa de produtos domésticos e a Hasbro, fabricante de brinquedos e jogos, também estão em alerta já que as altas taxas de frete podem ser passadas totalmente para os consumidores – tudo porque as empresas de transporte não conseguem encontrar motoristas para dirigirem os caminhões de entrega.

“Os custos de distribuição são enormes. Estou quebrando a cabeça tentando descobrir como vai funcionar se continuar desse jeito”, afirmou à Bloomberg Michael Norwich, dono de 14 restaurantes de comida rápida em El Paso, Texas, e Las Cruces, Novo México.

Para Lee Klaskow, analista da Bloomberg Intelligence, a escassez de motoristas é um problema de longo prazo e que vai piorar. “Isso vai custar dinheiro aos consumidores. Caminhões autônomos ainda estão longe de ser realidade. E mesmo que os legisladores consigam reduzir a idade mínima para os motoristas de longa distância, como alguns propõem, não ajudaria muito. O seguro para jovens condutores seria muito alto, o que dificultaria para a maioria deles”, afirma.

Ele se refere à medida de diminuir a idade mínima para ser caminhoneiro dos atuais 21 para 18 anos, que está sendo avaliada pelo governo local.

Segundo o Hayman-Woodward, escritório de advocacia com sede em Washington D.C, a falta de caminhoneiros se dá por 3 principais motivos: envelhecimento da frota atual, exigência física, carga de trabalho (normalmente 60 horas semanais) e falta de interesse das gerações mais novas (Millennials) na profissão.
Ou seja, na prática, o mercado está com muitas oportunidades de emprego – o que inclui chances para os brasileiros. Do total de caminhoneiros nos EUA, 40% são estrangeiros, sendo 32% da América Central (México), 14% da Ásia e 11% da América do Sul.
Vagas sobrando, salário atrativo: por que essa pode não ser a profissão certa para você?
Apesar do bom momento, do excesso de oferta e da remuneração bastante atrativa, para o brasileiro trabalhar como um caminhoneiro nos EUA os custos são exorbitantes.
Basicamente, há duas formas de mudar para o país e trabalhar como caminhoneiro legalmente: indo por conta própria ou com contrato fechado previamente com uma empresa.
No primeiro modelo, é preciso tirar um visto de “meios próprios”, chamado específico para trabalhar nos Estados Unidos. Neste caso, o grande problema é o custo, que pode variar entre US$ 20 mil e US$ 50 mil, de acordo com Leonardo Freitas, especialista em imigração e sócio fundador da Hayman-Woodward. O tempo estimado para consegui-lo é de um ano e meio.
O segundo tipo pode demorar de 8 a 12 meses para ser aprovado e é válido quando um empregador chama um estrangeiro para trabalhar para ele nos EUA. Nesse caso, o profissional não arca com nenhum custo do visto, que é H2B. Porém, o valor que o empregador tem que desembolsar varia entre US$ 15 mil e 30 mil. Por isso, muitas empresas apenas optam por não trazer estrangeiros.
Vale dizer, que esse tipo de visto é limitado. Segundo Freitas , são permitidos para o mundo inteiro cerca de 33 mil vistos H2B ao ano.
De qualquer maneira, aprovado por meio de algum desses vistos, o profissional brasileiro precisa, ainda, tirar uma carteira de motorista comercial (CDL License) que permite que trabalhe dirigindo o caminhão. E os custos variam por estado. Na Flórida, por exemplo, o valor pode ser entre US$ 1.500 e US$ 8 mil.
Para conseguir essa documentação, é preciso estar dentro de uma série de requisitos. Entre eles, ter pelo menos 21 anos, ser aprovado no teste físico e no teste antidrogas, ter um histórico laboral ilibado (sem ficha criminal), entre outros.
No caso do profissional independente, se tiver dinheiro para todo esse investimento, por fim, é preciso comprar um caminhão – que pode custar algo entre US$ 80 mil e US$ 150 mil, considerando o modelo carreto (de tamanho mediano com uma espécie de baú atrás usado para mudanças, geralmente).
“O investimento para uma nova vida é alto. Não dá para vir com um visto de turista e tentar a sorte aqui. O profissional corre o risco de ser deportado”, alerta Freitas.
Uma alternativa aos custos altos, é dividir o caminhão. “Muitas pessoas compram o caminhão em conjunto, se revezam no volante e vão dividindo a renda. Como é um trabalho bem puxado, de no mínimo 60 horas por semana, compensa para muitos profissionais”, afirma Freitas.
No entanto, ele garante que todo mundo consegue uma solução migratória de acordo com a necessidade. “O mais importante é procurar uma ajuda especializada antes de fazer qualquer aventura, porque o risco é bem grande”, afirma.
Fonte:  InfoMoney

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