Precariedade das estradas mineiras é armadilha para motoristas

Precariedade das estradas mineiras é armadilha para motoristas
BR-381: entre BH e João Monlevade faltam acostamento e divisória e sinalização está encoberta

A cada feriado, carnificinas são registradas nas estradas mineiras. No entanto, as tragédias, resumidas em estatísticas, não são resultado exclusivo da imprudência e da imperícia dos motoristas. As condições precárias das rodovias causaram pelo menos 292 acidentes em Minas entre janeiro e outubro do ano passado, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Deixaram 208 feridos e um morto.

O número não é pequeno, mesmo diante dos 24.685 acidentes totalizados no período, com 1.202 óbitos e 14.258 pessoas machucadas. A PRF diz que, no geral, as ocorrências são decorrentes da falta de atenção do condutor e da velocidade excessiva. Mas o consultor em trânsito e transporte Silvestre Andrade Filho não tem dúvidas de que, inúmeras vezes, defeitos nas vias também contribuem.

“É uma combinação do motorista, da via, do veículo e do ambiente em volta. Se um carro está em alta velocidade, uma pista com acostamento pode evitar a batida, pois há local para escape. Já a barreira metálica pode impedir a queda do veículo em uma ribanceira. Uma rodovia em más condições influencia e pode até provocar o acidente”, diz.

Lista

Sinalização precária ou inexistente, falta de acostamento, divisórias e guarda-corpo, asfalto defeituoso e curvas sem inclinação correta são algumas das falhas em rodovias estaduais e federais de Minas, mostra estudo anual da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

Na BR-381, entre Belo Horizonte e João Monlevade, por exemplo, os problemas são o grande número de curvas – muitas sem inclinação adequada –, buracos e ondulações na pista causadas por excesso de caminhões.

Outros trechos críticos estão na BR-040, entre Congonhas e Conselheiro Lafaiete, na região Central de Minas, e na BR-251, de Montes Claros (Norte) ao entroncamento com a BR-116.

Ao todo, segundo a pesquisa CNT de Rodovias 2013, 57% dos 14.288 quilômetros avaliados em rodovias estaduais e federais no Estado apresentaram geometria ruim ou péssima. Além disso, 71% dos trechos estavam com pavimento problemático.

Recuperação

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no ano passado foram investidos R$ 600 milhões em obras de manutenção. Também houve contratos de recapeamento.

Já o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas (DER-MG) aplicou R$ 1,4 bilhão, ao longo de 3.823 quilômetros.

Veja vídeo de alguns trechos da BR-381, sentido João Monlevade

Só um quarto da malha mantida pelo poder público é boa, diz CNT

Diante da ineficiência dos governos para melhorar as estradas, a saída foi a concessão das rodovias à iniciativa privada. Mas apenas três trechos que cortam o Estado estão nas mãos de particulares: a BR-381, entre Betim e São Paulo, a BR-040, entre Juiz de Fora (Zona da Mata) e Rio de Janeiro, e a MG-050, entre Juatuba (Região Metropolitana de Belo Horizonte) e São Sebastião do Paraíso (Sul de Minas), totalizando 961 quilômetros, apenas 4% da malha no Estado.

A qualidade melhor das estradas terceirizadas, na comparação com as geridas por órgãos públicos, também é mostrada pela pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Enquanto apenas 26,7 % (21.591) dos quilômetros das rodovias públicas foram considerados ótimos ou bons, 84,4% (13.411) da malha entregue à iniciativa privada recebeu a mesma classificação, conforme a pesquisa.

Qualidade de trechos das estradas federais e estaduais de Minas

Eficiência

Em Minas, a diferença é notória. As concessionárias são obrigadas, por contrato, a manter equipes de socorro mecânico e médico e a fazer o monitoramento por câmera, além de terem 24 horas para recuperar o pavimento, em caso de estrago.

Também cabem às empresas melhoria de sinalização, duplicações, passarelas, viadutos, pontes, retornos, drenagem e correção de traçados.

As três concessionárias de Minas investiram R$ 3,1 bilhões nos trechos que operam, sendo R$ 1 bilhão na BR-040, R$ 1,7 bilhão na Fernão Dias e R$ 497 milhões na MG-050.

Na BR-040, entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro, o número de acidentes caiu 31% desde o início da operação da Concer.

Há intervenções ainda na área de fiscalização. Segundo o chefe da comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), inspetor Aristides Junior, as condições das bases da corporação nas rodovias concedidas são melhores devido a um repasse de verbas arrecadadas com o pedágio.

Demora

Para o consultor em trânsito e transporte Silvestre Andrade Filho, Minas está atrasada quanto à concessão das rodovias.

“No Brasil, não há tradição de manutenção da coisa pública. Depois de inaugurar, larga-se para lá; anos depois, é feita a recuperação e nova inauguração”, diz. “São Paulo tem a melhor rede rodoviária do país. Não à toa é o polo econômico da nação. Já Minas tem a maior malha rodoviária, mas, em geral, ela é muito ruim”.

Situação afeta o transporte e a economia

A condição precária das rodovias não influencia apenas acidentes. Também impacta a economia. Segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o fator que mais dificulta a realização de negócios no Brasil é a oferta inadequada de infraestrutura.

Conforme o estudo, a qualidade das rodovias é determinante no custo do transporte, por aumentar o consumo de combustível e lubrificantes, o desgaste das peças dos veículos, o tempo de viagem e o frete.

Compensação

“Vias conservadas, sinalizadas e bem planejadas têm impacto positivo no custo operacional do transporte de cargas e passageiros e reduzem a possibilidade de acidentes”, informa o relatório da CNT.

“Quando há um acidente, se perde a força de trabalho da pessoa acidentada e aumentam os custos para a saúde. No fim das contas, é mais barato o usuário pagar o pedágio. Rodar em vias públicas aumenta os gastos com o veículo”, completa o consultor em transporte e trânsito Silvestre Andrade Filho.

Rumo às mãos de particulares

Atualmente, cinco rodovias federais estão em processo para serem entregues à iniciativa.

São as BRs 040, 116, 050, 153 e 262. A BR-381, entre Belo Horizonte e Ipatinga, deverá ser concedida somente após a duplicação.

No âmbito estadual, segundo a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), o único projeto em andamento é parceria público-privada (PPP) para a construção do Rodoanel Norte, que ligará a BR-381 Sul à BR-381 Norte. A previsão é investir R$ 4 bilhões, sendo R$ 800 milhões aportados pelo governo de Minas e o restante pela iniciativa privada.

Fonte

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