“Não se fazem omeletes sem quebrar os ovos…”

Você leitor deve estar se perguntando o significado do título desta publicação. Pois bem, explicarei!

Protesto contra o reajuste das passagens de ônibus termina em confronto na região central do Rio de Janeiro- Foto - G1

Durante essa semana só se fala sobre um assunto: as manifestações que tem ocorrido em São Paulo e no Rio de Janeiro contra o aumento das tarifas de ônibus nessas capitais. Organizados através de convocações feitas por redes sociais, manifestantes foram às ruas para pedir a redução no aumento das tarifas. Alguns grupos, como o Movimento Passe Livre, pedem o fim do pagamento pela utilização do transporte público em várias cidades brasileiras.

O problema do transporte público e das altas tarifas no Brasil é conhecido e antigo. Segue-se uma lógica mercadológica que fez com que o direito ao transporte gratuito e de qualidade fosse substituído por uma realidade que nos impõe guela abaixo um sistema de transporte de péssima qualidade e com preços altíssimos. Resumindo: de público, o transporte não tem é nada. Retirou-se dos cidadãos esse direitos e concedeu-os às grandes empresas privadas que, através de contratos, exploram esses serviços visando apenas um objetivo: o lucro.

Pode ser que pra você companheiro da estrada, R$0,20 de aumento na tarifa do ônibus – que foi aplicada em São Paulo – não signifique muita coisa. Mas para o estudante, para o trabalhador de baixa renda e para o cidadão que faz uso diário desse sistema, os aumentos – sucessivos, constantes e abusivos – são extremamente prejudiciais e pesam no bolso.

E aí que as pessoas se organizam e saem às ruas para reivindicar o seus direitos. Entenda que está previsto na Constituição que todos os cidadãos tem direito à transporte de qualidade e público. Só que a grande mídia, os grandes comentaristas que falam ao público e boa parte das administrações públicas divulgam informações corrompidas e deturpadas sobre os motivos e os objetivos desses movimentos.

Arnaldo Jabour – aquele comentarista da Rede Globo – fez uma crítica bastante forte as manifestações que se desenrolaram nessa semana. Falou em cadeia nacional que os integrantes dos movimentos são “filhos de papai”, que não havia “pobres” nessas manifestações que precisassem de R$0,20 de economia. Falou e todo mundo ouviu!

A questão é, Sr. Jabour, que os aumentos abusivos e constantes não devem ser só questionados pelos pobres, mas por todo mundo. Porque é essa lógica do pacifismo – leia-se inércia – que você tanto defende, que faz com que a população em geral engula, em silêncio, os aumentos em todos os setores da nossa sociedade: nos pedágios, nos alimentos, nos remédios, na educação, na saúde e, claro, nos transportes. Aumento só não aparece no salário, né?

É por um silênciamento ainda maior da população brasileira que luta Arnaldo Jabour e boa parte dos integrantes das classes altas, para as quais, diga-se de passagem, nossas administrações públicas tem trabalhado e favorecido historicamente. O trabalhador comum, o estudante, o cidadão, o caminhoneiro, são aqueles que têm ficado às margens dos interesses dos grandes. E quando vamos manifestar, quando vamos pedir resoluções, somos taxados de “vândalos”.

É claro que é necessário um controle por parte dos organizadores dos movimentos que impeça que pessoas má intencionadas destruam patrimônio público e mesmo privados. Isso enfraquece os movimentos e deixa brechas para críticas infundadas como essas realizadas pelo Jabour.

Mas é importante frisar que as reivindicações são legítimas e devem continuar. Aqueles que detém o monopólio da violência insistem em taxar os manifestantes de “vândalos”. Porque violência só é legítima quando é praticada pelo Choque, pela PM e outros grupos que não se sentem nem um pouco envergonhados em ir pra cima do “patrimônio público” mais importante desse país: os cidadãos.

Se você companheiro pensa que se consegue alguma coisa fazendo abaixo assinado e pela via do diálogo, olhe pra trás e veja quantas mudanças foram conquistadas dessa forma. Quiseramos nós que fosse tão simples assim e esse espaço de diálogo com as autoridades existisse!

Em uma sociedade onde a capacidade de ação política dos cidadãos é minada dia após dia, pouco resta àqueles que desejam reivindicar os seus direitos. Aumento de tarifa na passagem é um absurdo! Talvez não pra você, mas pra maioria da população! Assim como é um absurdo achar que movimentos de reivindicação de direitos são, pura e simplesmente, pautados em atos de vandalismo.

Pra mim, a verdadeira violência está expressada no coro feito pelos “grandes” que acham lindo estudante francês queimar ônibus e mostrar toda sua tradição histórica revolucionária, mas ironicamente – ou não -, adjetivam como “vandalismo” as manifestações brasileiras que pedem resoluções dos assuntos que mais lhe dizem respeito.

Ora, Sr. Jabour, não se fazem omeletes sem quebrar os ovos! Em outras palavras, não se consegue aumento sem greve, benefício sem paralização e redução na tarifa de ônibus sem manifestação. Ao contrário do que o Sr. imagina, nós temos todo o direito de reivindicar, sejamos nós “filhos de papai”, trabalhadores, caminhoneiros, estudantes ou qualquer outra classe! Precisamos nos unir para mostrar às autoridades que conhecemos e fazemos questão de exercer nossos direitos!

Abraço

O Chapa!

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