Mês dos pais. O dia dos pais caminhoneiros

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Pedro Celestino de Jesus Filho e seu filho Rafael Celestiano de Jesus | Foto: Matheus Moraes

O filme “À beira do caminho”, lançado em 2012 e dirigido por Breno Silveira, conta a história de João, um caminhoneiro que percorre estradas do nordeste rumo a Petrolina para um carregamento de frete. Em uma noite, no entanto, um de seus pneus estoura e João escuta um barulho vindo de sua caçamba. Ao perguntar por quem estava lá, João descobre que Dunga, um jovem menino órfão, tinha se escondido no seu caminhão para pegar uma carona. Furioso, João pede que o menino se retire, mas volta atrás e acaba dando uma carona à criança até o seu destino.

João, amargurado e ressentido por coisas do passado, não consegue demonstrar felicidade, mas, aos poucos, Dunga faz com que o caminhoneiro reflita sobre o que já passou e o que ainda vem pela frente. O filme é um jogo que trás imagens do presente e do passado, intercaladas com célebres frases de para-choque como aquela que diz: “Viver é como desenhar sem borracha”.

Ao longo do filme, descobrimos que João e Dunga tem o mesmo objetivo: encontrar-se com quem ainda não conhecem. Dunga foge em busca do pai, que mora em São Paulo, e João busca a filha de quem fugiu, mesmo sem querer, anos atrás.

O enredo fala, sobretudo, de deslocamentos, saudade, distâncias. “Saudade é a pior dor do mundo”, diz Dunga, ao se lembrar da mãe falecida. Pelas estradas correm pneus que marcam a vontade de voltar, reaver, reviver.

“À beira do caminho” mostra a realidade da maioria dos caminhoneiros do Brasil. Homens e mulheres que cruzam estradas por dias e noites, muitas vezes com apenas um cd para fazer companhia. No caso de João, são as músicas de Roberto Carlos que embalam seus pensamentos.

Entre estes trabalhadores, estão inúmeros pais que são forçados a se afastarem de seus filhos, de sua família e de suas casas em busca de um futuro melhor para todos. Apesar da imensidão dos espaços que percorrem, é na pequena sala, no pequeno quarto e na proximidade do lar que eles encontram felicidade.

Pedro Celestino de Jesus Filho é caminhoneiro há 5 anos. O simpático homem de 46 anos carrega alimentos como agregado para uma empresa, no eixo interior de São Paulo para Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais. Pedro Celestino tem três filhos: “o mais velho tem 23, a menina tem 25 e um ‘piazinho’ com 10 anos”, sorri.

Para o caminhoneiro ficar fora de casa é o pior momento da jornada. “Às vezes chego a ficar de 10 a 15 dias longe de casa, às vezes eu venho todo final de semana, dependendo da viagem que eu pego. Mas sentimos muita falta um do outro”, diz Pedro, que já chegou a ficar 30 dias longe de casa e, por isso, se considera sortudo, visto que alguns amigos já ficaram meses fora. “O coração aperta, mas temos que aguentar”.

“Nessa ocasião que fiquei 30 dias longe de casa, dá aquela saudade dos filhos, da esposa, da casa, de estar junto de todo mundo. A gente acha que vai trabalhar com o caminhão e vai ser só felicidade, mas é difícil. Outra coisa que acontece muito com a gente é que temos que esperar a boa vontade do povo pra descarregar o caminhão. Isso machuca a gente, porque temos que ficar parado, esperando. Às vezes está tudo certinho pra você voltar pra casa e a pessoa te enrola três, quatro dias, pra carregar ou descarregar. Isso é “normal” acontecer com a gente”, reclamou.

Pedro Celestino pretende passar para os seus filhos o respeito que ele aprendeu a ter com outras pessoas na sua profissão. “No nosso trabalho, a gente precisa ter muita paciência e respeito. Muitas vezes não recebemos isso de volta. Mas essa é a lição que eu aprendi no caminhão e que a gente leva pra vida, passando para os filhos”, comentou o caminhoneiro que diz aprender muita coisa com os três todos os dias e que gostaria sim que eles seguissem sua profissão, mesmo com todas as dificuldades.

Assim como Pedro, Sergio Hara, de 53 anos, também diz que a saudade é um dos piores sentimentos da profissão. Sergio já não é mais caminhoneiro, mas exerceu a profissão por 15 anos e carregava “o que aparecesse”, fazendo principalmente as rotas entre São Paulo, Minas e Goiás.

Hara possui três filhas, nenhuma delas caminhoneira. “Não era muito bom ter que viajar e ficar longe de casa. Eu não ficava muito tempo longe de casa, às vezes ficava só uma semana, mas isso é péssimo”, afirma Sergio.

O que Pedro, Sergio, João têm em comum? Eles são homens, caminhoneiros e pais. Todos conhecem, enfrentam ou enfrentavam as dificuldades da “lonjura” de casa e da saudade da família. Aos filhos, eles deixam o legado do respeito, da paciência, e que não há erro que não possa ser perdoado quando há amor.

A todos os pais caminhoneiros deste Brasil, desejamos que a cada retorno vocês possam receber inúmeros beijos e abraços daqueles filhos que te esperam. Desejamos ainda que a eles, vocês possam deixar lições de carinho, amor e união.

Feliz Dia dos Pais.

Chico da Boleia

Orgulho de ser caminhoneiro. 

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