
No último sábado (21), um acidente envolvendo uma carreta carregando blocos de granito, um ônibus da viação Emtram e um carro de passeio resultou na morte de 41 pessoas e deixou três feridas. O sinistro aconteceu por volta das 3h, na BR-116, em Teófilo Otoni, em Minas Gerais.
De acordo com informações da Polícia Civil, há indícios de que a carreta estava com excesso de peso e que um bloco de granito se soltou, caindo na pista, atingindo o ônibus, que acabou pegando fogo. Após, a colisão, o motorista da carreta deixou o local. Ele está com a carteira de habilitação vencida há pelo menos dois anos. No domingo (22), o motorista, junto de um advogado, compareceu à delegacia de polícia, prestando depoimento.
Para Alysson Coimbra, diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA), o que ocorreu na BR-116 poderia ter sido evitado. “Acidentes não podem ser evitados. O que aconteceu na BR116 poderia ser evitado se as normas de trânsito fossem seguidas, se a fiscalização funcionasse e se o poder público fizesse sua parte garantindo condições de segurança nas rodovias. As 41 mortes poderiam ter sido evitadas se tivéssemos políticas públicas sérias para salvar vidas no trânsito”.
O especialista destaca que é necessário um aumento da fiscalização e também a implementação do conceito de “rodovias de perdoam”: esse modelo envolve a construção de vias que minimizam as consequências de erros de motoristas. “Isso inclui fiscalização, redutores de velocidade, barreiras de proteção adequadas, áreas de escape, melhor sinalização e iluminação. Em uma rodovia projetada para perdoar, mesmo que ocorra um acidente, as chances de fatalidades são drasticamente reduzidas”.
Alysson ainda criticou a recente remoção do radares de velocidade da BR-116 pelo DNIT – incluindo um que havia no local no qual ocorreu o acidente do último sábado, e que limitava a velocidade a 60 km/h. “A retirada desses dispositivos de segurança é um retrocesso inadmissível. Excesso de velocidade mata, e os radares são essenciais para salvar vidas”, diz Coimbra.
A tragédia em Teófilo Otoni expõe uma série de falhas: fiscalização inadequada de motoristas e cargas, condições precárias das rodovias, falta de dispositivos de segurança em trechos perigosos e a ausência de políticas públicas efetivas para a segurança viária. “Não podemos continuar tratando a segurança no trânsito como algo secundário”, enfatiza Coimbra.
“Cada vida perdida é uma família destruída. Precisamos de ação imediata: aumento da fiscalização, melhoria da infraestrutura viária, educação no trânsito e punições mais severas para infratores e para crimes de trânsito”, argumenta o especialista.
*Com informações da Agência Brasil e do Portal do Trânsito
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