Estimativa é que perdas cheguem a 3% do PIB de cidades ou regiões metropolitanas. Problema aumenta gasto energético, eleva tarifas de transporte público e poluição.

O problema é que, nas ruas, cada carro pode ocupar uma área de até 50 m² se está circulando a uma velocidade média de 30km/h. E quanto mais carros maior é a área ocupada e menor a velocidade dos veículos que já estão em circulação. Aí estão formados os engarrafamentos, que geram tanta perda de tempo, desperdício energético e poluição, elevando até mesmo o custo do transporte.
Um dos estudos mais abrangentes realizados sobre o tema no Brasil, feito entre 1997 e 1998 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), demonstrou que, com longos engarrafamentos, a operação dos ônibus ficava até 15,8% mais cara, refletindo nas tarifas. Atualmente, conforme o Instituto Movimento, esse sobrepreço pode ser estimado em 25%. Uma compilação de dados feita pela organização, a partir de levantamentos que avaliam principalmente a questão do impacto da perda de tempo, aponta que os custos dos congestionamentos giram em torno de 1 a 3% do PIB da cidade ou região metropolitana estudada. Nas grandes aglomerações urbanas brasileiras, o valor pode chegar a R$ 10 bilhões.
Assim, quem pode opta por ficar o mais próximo possível do trabalho. O bancário Fernando Leistner, por exemplo, abriu mão de uma moradia mais ampla para poder ficar próximo do emprego e evitar o trânsito entre o centro de Brasília e as regiões administrativas do Distrito Federal. Segundo ele, “ao pagar mais por um apartamento menor no Plano Piloto, foi avaliado o benefício de perder menos tempo nos deslocamentos”.
Quem não tem esta opção, se vira do jeito que dá. A vendedora e estudante Rhaíssa Alves se tornou mais uma no contingente de pessoas que optou por uma forma individual de se movimentar: comprou uma moto. “Antes eu precisava sair de casa às 06h30min para pegar o ônibus às 7h e chegar no trabalho às 08h30min. E, às vezes, ainda atrasava”, justifica.
Segundo o presidente da NTU, a alternativa imediata para resolver os problemas de mobilidade é melhorar a qualidade e as opções de deslocamento em coletivos. Otávio Cunha explica que esta é a principal diretriz de um grupo que debate o assunto desde as manifestações que tomaram conta do país em junho, e que deve finalizar uma série de propostas até outubro. Segundo ele, entre as providências indicadas estão melhorias nos pontos de ônibus (com indicação das linhas e horários), qualificação do serviço prestado e criação de faixas e corredores exclusivos para os coletivos, a fim de garantir que os veículos percorram as distâncias com maior velocidade.
As diretrizes que estão sendo fixadas por este grupo, formado por representantes do poder público, empresas, entidades e sociedade civil devem orientar a aplicação de cinqüenta bilhões de reais anunciados pela presidente Dilma Rousseff para mobilidade urbana.
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Natália Pianegonda
Agência CNT de Notícias
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