Chico da Boleia visita fábrica da Mann Filter e entrevista engenheiro especialista em qualidade e tecnologia de filtros.

Andre Goncalves mann

Conhecida fabricante de filtros, a MANN-FILTER é a marca premium da MANN+HUMMEL e está disponível em países do mundo todo. No mercado de reposição, a marca detém mais de 95% das aplicações em sua linha de produtos, que também podem ser utilizados em construção e máquinas agrícolas.

Os produtos MANN-FILTER são fabricados em plantas situadas ao redor do mundo. Todos os locais de produção trabalham de acordo com as rigorosas diretrizes de qualidade estabelecidas em Marklkofen, na Alemanha. No Brasil, a empresa possui quatro unidades de negócios para peças genuínas, para o mercado de reposição, divisão filtragem industrial e filtragem de água.

No final deste mês, Chico da Boleia esteve na fábrica da marca em Indaiatuba, interior de São Paulo, e conversou com o engenheiro e consultor técnico da Mann, André Luís Gonçalves. Confira a entrevista na íntegra.

Chico da Boleia: André, conta pra gente qual a importância do filtro para o conjunto do sistema.

André Gonçalves: A função principal é reter partículas e eles precisam respeitar algumas informações que a montadora exige, no caso a eficiência de filtragem. Mas a função básica é reter partículas.

Chico da Boleia: Se compararmos com o corpo humano, o que seria um filtro?

André Gonçalves: Seria como um rim. Então ele tem a função de reter tudo aquilo que é indesejado dentro de um sistema. Aquilo que falamos, num sistema de captação de diesel, num sistema de captação de ar, um Turbo Intercooler, dentro da câmara de combustão, ou nas partes móveis do motor, como lubrificação de turbina, entre outras.

Chico da Boleia: Há quantos anos a Mann está instalada no Brasil?

André Gonçalves: Fez 60 anos no ano passado.

Chico da Boleia: E qual a principal planta dela aqui?

André Gonçalves: Ela tem três fábricas no Brasil: uma em Manaus, outra em Contagem-MG e a terceira em Indaiatuba, onde estamos desde a década de 1980.

Chico da Boleia: Hoje, se a gente pensar a médio ou longo prazo, a Mann pretende aumentar sua participação no aftermarketing ou nas montadoras? Ou vai trabalhar em paralelo para crescer nas duas linhas?

André Gonçalves: A Mann busca sempre, é claro, ter a maior participação no mercado seja na montadora ou no aftermarketing. Existem algumas frentes com novos projetos para desenvolvimento de novos produtos na montadora e para reposição já temos parcerias para o crescimento no mercado de aftermarketing.

Chico da Boleia: Olhando para o dia a dia, seja do caminhão de frota, seja do caminhoneiro autônomo, qual ação a Mann desenvolve para o pessoal que está lá na ponta e que acaba sendo o usuário final da sua marca?

mannAndré Gonçalves: A Mann tem parceria com distribuidores, onde eles recebem solicitações de treinamentos. Ou, em alguns casos, tipos de pitstop em determinados locais, onde nós fazemos um corpo a corpo com o cliente final, no caso o motorista autônomo ou o motorista de uma empresa.

Chico da Boleia: E como está a participação da Mann no mercado?

André Gonçalves: Essa é uma questão mais comercial, não tenho os números exatos, mas a Mann tem uma participação muito grande no mercado, principalmente na linha de pesados, tanto na montadora quanto na reposição.

Chico da Boleia: Tem alguma história interessante que você pode nos contar envolvendo utilização de filtros na linha de pesados?

André Gonçalves: Tem um caso que foi até engraçado. Uma pessoa nos ligou um pouco nervosa e disse que estava com dois filtros que apresentaram problemas. Ela nos contou que o filtro soltou o fundo e entrou dentro do sistema de captação e destruiu a turbina de dois caminhões. Eu nunca tinha visto isso, mesmo fisicamente, como eu conheço a construção e o processo de montagem, eu respondi: “só se houve algum impacto pra danificar”. Mas como eu não duvido de nada e a Mann presta assistência técnica independente da reclamação, fui fazer uma visita ao cliente. Cheguei lá e realmente havia um filtro pendurado e outro quase descolando com a gravação Mann. O primeiro, totalmente pendurado, eu já não conseguia ver a marca, mas quando eu peguei na mão eu consegui ver que não era Mann por causa da tonalidade da borda de TU.

Resumindo a história, eu peguei o filtro desse cliente, no caso era o elemento de segurança, peguei em mãos e vi que o lado que entrava em contato com o bocal, que é a parte limpa do filtro, estava limpa, e a parte superior que é o lado fechado, estava sujo em volta. Na hora eu deduzi que a pessoa montou o filtro invertido. O lado fechado estava do lado interno do motor. E o outro filtro, que era do concorrente, do outro caminhão, também estava com o mesmo problema. Ou seja, o cliente fez uma aplicação indevida. E nesse caso eu conversei com ele, expliquei que foi uma falha no procedimento de manutenção dele e ele agradeceu, chamou os outros veículos da frota dele pra fazer a verificação, para ver se tinha probabilidade de acontecer mais algum dano. Porque nesse caso ele sabia que não teria garantia. Mas ele agradeceu muito pela agilidade, pelo suporte que demos rapidamente e por ter feito essa verificação no local. Eu não peguei o filtro, levei embora pra depois dar um laudo negativo. Na hora nós fomos lá e resolvemos o problema dele.

Chico da Boleia: E o filtro não era Mann?

André Gonçalves: Um que soltou, não dava para ver a marca. O outro era Mann. Só que nesse caso não era falha do produto, mas sim de montagem, de aplicação. Temos outros casos também, como um cliente que eu já fiz uma visita no Pará. Ele trabalhava com filtro Mann e depois de um tempo ele notou, por exemplo, que existia um veículo que rodava na faixa de 25 mil quilômetros com um filtro de óleo diesel. Aí ele percebeu que depois de um tempo, com 20 mil o veículo perdia força, com 15 mil ele também já não estava muito legal. Aí ele optou por uma marca de filtro de valor mais acessível. E ele começou a trabalhar com o veículo e percebeu que com 25 mil km ele ia bem, chegou até os 30 mil km com esse filtro. Conclusão: depois de mais ou menos seis meses, ele começou a fazer bomba e bico em quase toda frota dele. Por quê? Ele, por conta própria, chegou à conclusão de que o filtro que ele estava utilizando não seguia a especificação da montadora, já que passava partículas maiores do que as permitidas pelo fabricante. Ele entrou em contato com a gente para fazer um trabalho. Fizemos uma visita nesse cliente e ele acabou voltando a utilizar os nossos filtros. Eu fiz uma orientação a ele de que verificasse o jeito que era armazenado o diesel e a sua procedência. Também perguntei se ele pedia alguns tipos de testes no combustível, já que, como ele comprava em grande volume, ele teria direito a esse suporte técnico do próprio distribuidor do diesel. Mas o legal desse cliente foi que ele mesmo tomou a decisão, mesmo tendo que arcar com todo o custo de refazer bombas e bicos. E ele gostou muito do suporte técnico e das orientações que passamos a ele.

Chico da Boleia: Engenheiro André, quantos anos você possui na área de filtros?

André Gonçalves: Estou na Mann há nove anos, completando 10 em agosto. Eu comecei na área de engenharia de produto, atendia a parte comercial, depois eu fui para o ramo agrícola e depois abriu uma oportunidade aqui na parte de aftermarketing da Mann Filter, parte na qual eu estou há seis anos.

Chico da Boleia: Em processo de qualidade então vocês estão antenados em tudo o que há no mercado?

André Gonçalves: Com certeza, temos que atingir as normas, em geral, todos nós temos…

Chico da Boleia: Você pode citar algumas?

André Gonçalves: Iso, TS, Iso9001, Iso9000 todas as normas a Mann segue. Para você fornecer para uma montadora é obrigatório atender as normas, mas as mais severas são as das próprias montadoras. Por exemplo, com o motor Euro5, a eficiência de filtragem tem que ser muito alta. Então, as novas tecnologias estão exigindo qualidade cada vez mais rigorosa dos filtros.

Chico da Boleia: Observando esse mercado de mais de 900 mil caminhoneiros autônomos e não desprezando frotas de transportadoras, qual o conselho que você dá para o companheiro caminhoneiro que está na estrada transportando, muitas vezes longe dos grandes centros?

André Gonçalves: Tendo em vista o que a gente falou sobre minha experiência em campo, acho que o básico seria: “o barato sai caro”. Hoje eu acredito que, realmente, existe um impacto na ponta com relação ao valor final da despesa. Mas um motor com problemas, perder uma viagem ou até mesmo sofrer um acidente devido a um filtro de baixa qualidade é uma despesa e um problema muito maior do que essa pequena diferença entre um filtro e outro. O filtro é um produto que possui muita tecnologia dentro dele, não é simplesmente um papelzinho dobrado dentro de uma carcaça ou um negócio simples, ele possui muita tecnologia atrás daquilo ali. Então, o importante é que o caminhoneiro busque produtos que sigam especificações de montadoras, no caso originais, sem recorrer a produtos de segunda linha. Optar por aqueles que sigam um rígido controle de qualidade, como os filtros que a gente produz.

Redação Chico da Boleia

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