Autopeças são as maiores vítimas da crise na indústria automotiva

Tiago Czarnecki, diretor da BMV, especializada em peças para veículos pesados: carteira de encomendas encolheu 60%, o que levou a empresa a dispensar 40% dos funcionários. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Tiago Czarnecki, diretor da BMV, especializada em peças para veículos pesados: carteira de encomendas encolheu 60%, o que levou a empresa a dispensar 40% dos funcionários. Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Desde 2014, fábricas de peças demitiram quase 4 mil pessoas no Paraná, metade dos cortes de todo o setor

O tombo na produção brasileira de veículos, que baixou mais de 30% de 2013 para cá, dificulta a vida das montadoras. Mas os maiores estragos aparecem no elo mais frágil da cadeia automotiva: os fabricantes de peças e acessórios. Com menos encomendas, empresas fazem cortes drásticos no quadro de pessoal ou acordos para reduzir jornada de trabalho e salários. Ao mesmo tempo, cresce o número das que não conseguem pagar as contas em dia.

Segundo o Sindipeças, o faturamento da indústria nacional de componentes para veículos caiu 16% em 2014, em termos reais. No primeiro semestre deste ano, o recuo nominal foi de 13% – o que corresponde a uma queda real de 18%, se descontada a inflação medida pelo IGP-M.

A redução nos pedidos aumentou a ociosidade das fábricas. Desde o início de 2014, ela subiu de 26% para 37% da capacidade instalada, o que provocou demissões em massa. Dados do Ministério do Trabalho revelam que os fabricantes dispensaram 47 mil funcionários em 18 meses.

Algumas companhias buscam medidas menos radicais. A Grammer e a Rassini, de São Paulo, estão entre as primeiras a aderir ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que permite a redução de até 30% da jornada e dos salários. Por outro lado, há fábricas inteiras sendo fechadas – a norte-americana Delphi, por exemplo, encerrou a produção em três de suas nove unidades brasileiras neste ano.

Um relatório da Serasa Experian reforça a gravidade da situação. Segundo a empresa, a inadimplência dos fabricantes de autopeças aumentou 33% em 12 meses. No mesmo intervalo, o nível de calote de todo o setor industrial subiu 21%.

“Temos um efeito em cascata. Houve retração na produção de veículos, o que reduziu as encomendas das montadoras, o que por sua vez gera inadimplência entre os fornecedores”, diz Viviane Magalhães, gerente de recuperação de crédito da Serasa Experian. “Quando falamos de empresas de autopeças, falamos, na maioria dos casos, de empresas de pequeno porte, mais vulneráveis a qualquer sopro negativo do mercado.”

Paraná

Não há dados atualizados sobre o faturamento ou a inadimplência das fábricas de autopeças no Paraná. Mas os números do emprego indicam que a realidade local não é melhor que a do restante do país. Em 2014, 2,9 mil trabalhadores do ramo foram demitidos no estado. Nos seis primeiros meses deste ano, outros 1,1 mil perderam o emprego.

Em 18 meses, portanto, foram extintas 4 mil vagas, o que faz do segmento de autopeças o mais afetado de todo o setor automotivo paranaense – que demitiu 8,2 mil pessoas nesse período, em cálculo que inclui as montadoras de carros, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas e os fabricantes de carrocerias e reboques. O impacto é maior em Curitiba e região, onde está a maioria das fábricas.

“Não existe empresa no setor em que esteja tudo bem”, resume José Luis Rauch, diretor-presidente da Metalkraft, de Quatro Barras, que produz peças fundidas e usinadas em alumínio para motores de automóveis. Desde o segundo semestre de 2014, a fábrica reduziu em 15% o quadro de pessoal, hoje com 400 pessoas. “A indústria [de carros] sinaliza que deve fechar o ano com 23% ou 24% de redução de produção, e para 2016 a tendência é de estabilidade. Para voltar aos números de 2013 ou 2014, só a partir de 2018”, avalia.

Na BMV, que produz peças usinadas para caminhões e máquinas agrícolas, a carteira de encomendas despencou 60% neste ano. “E a perspectiva é de que não haja mudança nos próximos seis, oito meses”, conta o diretor, Tiago Czarnecki. “Quando a economia se retrai, os veículos pesados são os primeiros a sentir os reflexos. O transportador evita trocar o caminhão e o mercado para”, explica. Segundo ele, a empresa de Colombo teve de cortar 40% dos funcionários – restaram 95 – para adequar os custos fixos ao faturamento mais baixo.

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