
Com o período de seca, o risco de queimadas às margens das rodovias aumenta e exige atenção redobrada dos motoristas. A fumaça reduz a visibilidade, compromete a segurança e eleva as chances de acidentes, além de provocar desvios e atrasos nas entregas. Nesse cenário, os condutores devem adotar medidas preventivas, tanto para evitar que suas operações contribuam para o surgimento de incêndios, quanto para minimizar os impactos quando precisarem trafegar em áreas atingidas pelo fogo. A orientação é do assessor jurídico ambiental do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), o advogado Walter Rocha de Cerqueira.
Em 2024, foram registrados 29.358 casos de queimadas em Minas Gerais, conforme dados do Corpo de Bombeiros. Os meses com maior número de ocorrências foram setembro, com 6.772 registros e agosto, com 6.113. Em 2025, de janeiro até agosto, já são 10.327 registros. Somente no mês de agosto, foram contabilizados 1.192 casos.
De acordo com o assessor do Setcemg, a prevenção às queimadas começa com a conscientização de todos os usuários das estradas, para que não contribuam para a propagação do fogo. “Muitas queimadas são resultado do mau comportamento de quem utiliza as vias, como o descarte de lixo nas beiras das estradas, que pode dar início a um foco de incêndio. O motorista, seja de cargas ou de passeio, deve agir de acordo com as normas ambientais e zelar para que todos a bordo do veículo também tenham essa postura”, explica.
O advogado lembra que, em alguns casos, o resíduo que chega ao acostamento não é lançado de forma intencional. “Ele pode se soltar de caminhões mal enlonados ou com carga mal acondicionada. Por isso, o bom enlonamento das carretas é fundamental para evitar que o transporte se torne um agente causador de queimadas”, afirma.
Cerqueira ressalta que o transporte rodoviário é, fortemente, impactado pelos incêndios. “A fumaça reduz drasticamente a visibilidade, aumentando o risco de acidentes, especialmente em rodovias que já sofrem com sinalização e pavimentação precárias”, diz. Acrescenta que, sempre que possível, sejam traçadas rotas alternativas e verificada a existência de queimadas no percurso, conduzindo os veículos com atenção.
Outro ponto essencial, de acordo com o assessor, é a manutenção adequada das rodovias por parte de concessionárias e órgãos públicos responsáveis. Ele destaca a importância dos aceiros (faixas livres de vegetação que impedem a propagação do fogo), além dos acostamentos limpos e com vegetação controlada. “Manter os aceiros e acostamentos livres de lixo e com vegetação baixa é uma medida simples que reduz consideravelmente o risco de incêndios”, reforça.
Cerqueira lembra que o Setcemg sempre apoia e investe em campanhas de conscientização sobre queimadas, e que salienta que os gestores das vias também devem fazer mais campanhas desse tipo. “O transporte conscientiza seus motoristas para que não sejam causadores de incêndios, mas muitas vezes acaba sendo vítima da falta de cuidado de outros condutores”, observa.
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