Carnaval é alerta vermelho para rodovias precárias e aumento de acidentes

Com a chegada do carnaval aumentam também os números de acidentes nas rodovias, em um feriado que terá tráfego intenso nas estradas. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, divulgados em março de 2014, durante o carnaval 155 pessoas morreram em 3.201 acidentes nas estradas federais brasileiras. Além da conhecida falta de estrutura das rodovias, do consumo de álcool e excesso de velocidade, há ainda um outro problema, pouco divulgado, mas de grande impacto no número de acidentes: o pagamento illegal feito aos caminhoneiros, chamado carta-frete.

Alfredo Peres, Presidente da Ampef – Associação das Administradoras de Meios de Pagamento Eletrônico de Frete, explica como a prática implica em violência no trânsito. “A carta-frete tem consequências econômicas e sociais. Sem planejamento financeiro e com margens reduzidas, o caminhoneiro não faz a manutenção necessária em seu veículo, que passa a circular com peças antigas e veículo em péssimo estado, provocando muitos acidentes”.

A carta-frete, embora proibida por lei desde 2010, continua em pleno vigor nas estradas  brasileiras. Trata-se de um pedaço de papel entregue pelas transportadoras e embarcadoras como forma de pagamento ao caminhoneiro autônomo. Com esse “vale” em mãos, o caminhoneiro fica obrigado a parar somente nos postos de gasolina pré-estabelecidos pelas transportadoras e, a cada serviço que utiliza, como por exemplo: abastecimento, troca de pneus, alimentação, banho entre outros, ele paga ágio de até 40% sobre o valor utilizado.

Durante o feriado do carnaval, é imprescindível que o caminhoneiro calcule o tempo de viagem levando em conta o grande fluxo de veículos nas estradas e a necessidade de fazer paradas para o descanso. O motorista precisa estar descansado porque o sono é um grande fator de acidentes.

“Como recebe seu pagamento de forma parcial, o motorista precisa trabalhar mais e por mais horas seguidas. Jornadas exaustivas, não recebimento de horas extras, desrespeito ao descanso semanal remunerado e uso de medicamentos para inibir o sono se transformam em uma perigosa combinação”, prossegue Alfredo Peres.

Como também não tem comprovação de renda, o caminhoneiro não pode recorrer a empréstimos para trocar seu caminhão e isso explica porque a frota brasileira é uma das mais antigas do mundo, com idade média de 21 anos, segundo dados da ANTT. “Os resultados desse círculo vicioso são caminhoneiros provocando sérios acidentes e sendo os profissionais que mais morrem em serviço, a frente de vigias e seguranças, colocando em risco a vida de milhares de pessoas e aumentando os lamentáveis números de acidentes”, completa Alfredo.

No Brasil, são cerca de 1,2 milhões de caminhoneiros, sendo que destes, por volta de 1 milhão são autônomos e grande parte deles recebe o seu pagamento via carta-frete.

Uma pesquisa realizada pela consultoria Deloite estimou que, em 2010, R$ 60 bilhões em frete transitavam na informalidade no país. No mesmo período, o IBGE apontou movimentação de R$ 16 bilhões/ano; a diferença de R$ 44 bilhões é o que o governo não acessa e não vê. Isso resulta em uma sonegação de R$ 12 bilhões promovida pela carta-frete, que corresponde praticamente ao mesmo valor do investimento público federal, autorizado em 2014 para as rodovias, que foi de R$ 11,93 bilhões.

Mas esse valor sonegado pode ser ainda maior. Atualmente a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, trabalha com projeção de R$ 120 bilhões as movimentações de frete, ou seja, ao invés de R$ 12 bilhões sonegados, seriam R$ 24 bilhões.

O modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil, a estimativa é que cerca de 60% do que é produzido no país seja transportado pelas rodovias. Pesquisa publicada em setembro de 2014 pela CNT – Confederação Nacional de Transportes-, revela que 79,3% da malha brasileira sequer é pavimentada.

 “A aplicação da lei, que proíbe a carta-frete e determina o pagamento via depósito ou cartão-frete coíbe a sonegação bilionária. Mais recursos poderiam ser  revertidos em investimento na infraestrutura de nossas rodovias, diminuindo drasticamente os acidentes fatais que assolam as estradas do país”, completa Alfredo Peres.

Ls Comunicação

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