Entrevista Ciro Cezar da Costa Lopes

Ciro Cezar da Costa Lopes

Chico: Amigo caminhoneiro, carreteiro e empresário do setor, estamos aqui em São Paulo-SP para conversar com Ciro César da Costa Lopes, empresário do setor de transportes e mudanças e coordenador do COMUDA, uma das comissões da SETCESP que cuida das mudanças em São Paulo-SP.

Alguns companheiros devem estar perguntando o porquê desta entrevista. Como bem sabem os amigos que tem acompanhado o site do Chico da Boleia, neste mês de setembro vamos abordar o tema das “Eleições Municipais” e o motivo pelo qual nós caminhoneiros e empresários devemos ficar atentos às eleições e às propostas. Tanto dos candidatos a prefeito quanto a vereador, pois são essas pessoas que vão interferir em nosso dia-a-dia. Se pegarmos o exemplo de São Paulo, tivemos recentemente a restrição na área central e depois tivemos a restrição de trânsito nas marginais.

Então vamos conversar com o Ciro que tem 14 anos de estrada, 36 anos de vida, é sofredor por natureza porque torce para o Corinthians. Isso nem é bom a gente falar porque o time está caindo pelas tabelas no Campeonato Brasileiro. Mas vamos falar de negócios, vamos falar de transportes que é o porque da gente estar aqui, vamos falar com quem tem experiência na área e também participa na NTC do COMJOVEM. Ciro, fala um pouquinho da sua experiência na área de transportes para depois entrarmos nas dificuldades.

Ciro: Primeiramente é um prazer estar participando deste projeto do Chico da Boleia, que é um amigo do trecho e que só vem para somar para com nossas dificuldades do dia-a-dia. Primeiramente, nossa grande dificuldade hoje, depois da mão de obra, que é o grande problema pelo fato de que hoje não se tem mais a mão de obra especializada, são as restrições municipais que virou uma epidemia em todo o Brasil. Não só em São Paulo, onde nós temos a  grande dificuldade para fazer a mudança comercial e residencial, mas nas outras 26 capitais também já têm a sua restrição municipal e as cidades do interior do estado também já começaram a ter.

Chico: É fato, quando você pega São Paulo fazendo as alterações, cidades que não são capitais mas são grandes centros: Campinas, Santos e outras mais, acabam sofrendo o mesmo impacto e querendo restringir também o trafego dos caminhões de carga nos seus centros urbanos. Vamos ver primeiro o tamanho deste mercado. Hoje quanto que movimenta anualmente o mercado de mudanças a nível nacional?

Ciro: A nível nacional, eu não tenho esse número, mas nós temos perto de 300 empresas de mudanças. Um terço delas, ou perto disso, estão no estado de São Paulo. E o estado de São Paulo movimenta um pouco mais de meio milhão de reais anualmente.

Chico: Então é um setor importante. Vocês já podem ter ideia do volume que é movimentado. Agora vamos para uma questão específica: Com as restrições que foram feitas nesta administração em São Paulo-SP, o que mudou para a área de mudanças? Em quanto tempo você fazia cada mudança e em quanto tempo isso é feito atualmente?

Ciro: Esse é um dado muito importante Chico! Uma mudança normal para nosso dia-a-dia, por exemplo, para uma família de quatro pessoas, com dois ou três dormitórios, sala e cozinha, para o amigo caminhoneiro entender, ela daria em torno de 25 a 30 metros cúbicos, um caminhão médio. Uma mudança dessa, se for de apartamento para apartamento ou casa para apartamento e vice-versa, como tem apartamento na jogada você tem horário, então tem que embalar no primeiro dia, para o segundo dia executar o serviço. Porque a embalagem é o que mais demora no caso. Então uma mudança que está do outro lado da ponte, que nós gastávamos em torno de 2 dias para fazer embalagem e a execução do serviço, hoje estamo fazendo de 3 a 4 dias, e com um aumento de 32 a 35%, onde a outra ponta da corda, que é o cliente, acaba não pagando pra nós.

Chico: Você que está acompanhado o áudio ou lendo esta matéria no jornal, quando nosso amigo fala, “do outro lado da ponte”, nós estamos em São Paulo e estamos falando da área de restrição do quadrilátero principal que você não pode rodar. E é aquilo que a gente fala da importância do prefeito quando toma uma iniciativa de restringir o trânsito de caminhões acima de 4 toneladas no quadrilátero de São Paulo e de mexer nas marginais. Então veja a importância que a gente tem que dar para as eleições municipais, porque um prefeito que venha a mexer novamente vai trazer mais prejuízo, porque se eu fazia uma mudança em 2 dias e hoje demora 4, você está onerando o setor. E o cliente está entendendo e pagando esta diferença?

Ciro: Não! O cliente entende mas não paga. Com a mídia e como se fala muito nas restrições, 60 a 70% dos clientes acabam entendendo. Não pagam o que você pede, mas ajudam. O que eu quero dizer: Eles ajudam na forma de que hoje, uma mudança com uma metragem como essa que eu acabei de relatar de 30 metros cúbicos, ela embala num dia, carrega no segundo e descarrega no terceiro. O que era impossível de fazer um ano atrás, hoje já é normal. E o cliente acaba entendendo. E antes mesmo de fazer o orçamento, a primeira coisa que os nossos vendedores fazem ao chegar no lar desta pessoa, é explicar que ela está dentro deste quadrilátero e que é necessário esta logística para que saia completa.

Chico: Você, sendo do COMUDA, que é uma comissão de mudanças dentro do sindicato estadual de transportes rodoviários de cargas, quais são as ações que vocês estão tendo em relação às próximas eleições? Quais atitudes vocês estão procurando ter para que o próximo prefeito eleito, ou a próxima câmara municipal eleita, possa olhar com outros olhos para o nosso setor?

Ciro: Primeiro a gente está tendo um corpo a corpo com todos os candidatos a prefeito de São Paulo-SP e com os vices também, para explicar o nosso problema do setor. Não só de mudança, mas do setor de transportes. Juntamente com o SETCESP, nós sempre entregamos a eles nossas reivindicações, pra que as coisas aconteçam. Então a entidade pede uma cadeira junto à Secretaria dos Transportes para que, antes da lei entrar em vigor, nos já termos a noção do problema e como solucionar isso em tese, e que eles perguntem para nós a melhor forma dessa lei se concretizar. Como em Guarulhos-SP, que nós temos um representante nosso da entidade dentro da Prefeitura e na Secretaria dos Transportes. É o que a gente pede hoje. A gente pede também uma cadeira na CAEZ, que é a Comissão de Arbitrariedades e Excepcionalidades da Zona Máxima de Restrição, que debate exatamente estes problemas. Porque o problema que a construção civil tem com a entrega do concreto não é o mesmo do das mudanças residenciais, que não é o mesmo dos fretados tem com o pessoal que trabalha, que não é o mesmo da distribuição que o dedicado tem, enfim, cada especialidade tem os seus problemas e é isso que a gente quer sentar e conversar com esse pessoal.

Chico: É aquilo que a gente fala pessoal, o que a gente já debateu e já colocou nos nossos jornais impressos, no programa de rádio e até em vídeos. Não adianta o poder público, seja o governo municipal, estadual ou federal, achar que resolve as coisas com uma canetada, se não chamar os atores envolvidos na atividade. Não tem como resolver, haja visto que, está terminando o governo do prefeito de São Paulo-SP que mexeu em relação aos fretados, mexeu na área de restrição de caminhões no quadrilátero principal de São Paulo-SP, mexeu nas marginais, e a gente vê que as coisas continuam da mesma forma. Para usar a frase de um amigo meu, independente do partido que ele é ou de onde ele seja, mas o que ele fala é o que eu entendo, não adianta continuar fazendo o mesmo do mesmo. Quem fala isso é o companheiro Jurandir Fernandes, que hoje é o secretario metropolitano dos transportes. Você ampliou as faixas de rodagem nas marginais mas não criou outras ações para resolver, então continua do mesmo jeito. As marginais com mais faixas e mais congestionamentos, mexeu no horário da circulação dos caminhões, só mudou, ao invés de ser às 7h, o problema agora é depois das 10h. Ciro, você acredita que com a força que o SETCESP tem, com a força que a categoria tem, a gente consegue pensar em um futuro próximo em ter um fórum permanente de discussão com o poder municipal que seja estadual para tratar destes assuntos?

Ciro: Eu acredito e torço para que isso aconteça! É uma tendência. A gente vai precisar, a população vai precisar ter uma representante que fale, por isso, porque tudo hoje que você tem, que você necessita, vem do caminhão. O caminhão que te entrega tudo, o alimento que está na sua mesa, o vestuário, o material escolar, tudo é o caminhão. Sem caminhão não tem nada. Então não é o que eu ouço por ai, “o caminhão é o mal necessário”, não tem nada de mal necessário, ele é o bem necessário. A gente tem que mostrar para a população que o caminhão não é o vilão da história, porque  dos 100% dos automóveis de São Paulo-SP, o caminhão corresponde a apenas 3,8%, ônibus são quase 10%, carros velhos são quase 20%. Então tem que dar uma repensada, uma repaginada em tudo issoí. Temos de ter um representante lá sim! Acredito que hoje, com as atuais medidas que o atual prefeito tomou, a população começa a se conscientizar sobre a necessidade do caminhão e a necessidade de ter um representante nosso respondendo pela categoria nos órgãos governamentais.

Chico: Nós estivemos aqui em São Paulo-SP, na sede da Marumby, empresa de transportes na área de mudanças e conversamos com o companheiro Ciro César sobre a situação do transporte e porque nós devemos ficar atentos às próximas eleições municipais. Porque é o vereador e o prefeito que vão mexer onde a gente trabalha diariamente, que são as ruas, as rodovias, as vias expressas, que atingem nosso dia-a-dia. Então companheiro caminhoneiro, carreteiro e empresário, fiquem atentos, vejam as propostas dos candidatos. É você com seu voto que pode começar a melhorar nossa situação de transporte diário.

Chico da Boleia – Orgulho de ser caminhoneiro!

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